Corinthians. É o nosso viver. A nossa
identidade
Suas cores,
o preto e o branco, marcam a nossa determinação e nos projetam para sua
essência de forma afirmativa, já que a combinação original entre a
âncora, símbolo da esperança, os remos, a força do torcedor corintiano e
sua bandeira, que nunca enrola enquanto a bola rola, é a nossa glória.
Motivo de orgulho para todos nós.
Entre
suspiros, olhos atentos, gritos das torcidas, alegria do nosso mascote
mosqueteiro e a explosão da nossa paixão...o Grêmio Gaviões da Fiel
irradia para a Avenida, em forma de samba-enredo, fantasias e alegorias,
a força da paixão corintiana.
Sobrevoando
a Avenida os Gaviões da Fiel anunciam:
Corinthians...Minha Vida, Minha História, Meu Amor! Numa só celebração,
da várzea a um clube tantas vezes campeão. O Grêmio Gaviões da Fiel
apresenta os 100 anos de existência de uma “Nação”.
1º SETOR
– ESTRELA DE PRIMEIRA GRANDEZA
A
Criação...
O amor
invade nossos corações, num sentimento quase sem explicação, mas com um
destino de crias uma nação. Em 1910 nasceu CORINTHIANS a nossa maior
paixão
Naquele
1910, o espírito novidadeiro estava em cada pessoa que vivia os
primeiros anos do século XX. A população da cidade era formada, em
grande parte, por imigrantes e seus descendentes, chegados ao Brasil em
fins do século XIX. Sob o céu iluminado pelos rastros luminosos do
cometa Halley, era São Paulo dos elegantes vestidos, das sobrecasacas
cortadas em pano inglês, das cartolas oito reflexos, dos grandes leques
bordados, dos chapéus de feltro de uma bela época que ecoava centro-sul,
que iam sendo, lentamente, substituídos pelo chapéu-coco e pelas
“esportivas palhetas” dos recém-chegados imigrantes. Contudo, era a
cidade das primeiras linhas de bondes elétricos e, entre elas, a
primeira ia da Avenida São João à Barra Funda, passando pelo Bom
Retiro...
Foi nesse
clima, no bairro do Bom Retiro, sob a luz de um lampião a gás que
iluminava a antiga Rua José Paulino, que a idéia fixa de um grupo de
rapazes de vila humilde, de se criar um time de futebol, ganhava vida.
Assim
Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira, César Nunes; o sapateiro Rafael
Perrone, o motorista Anselmo Correia, o fundidor Alexandre Magnani, o
macarroneiro Salvador Lopomo, o trabalhador braçal João da Silva e o
alfaiate Antônio Nunes, depois de terem descartado diversas sugestões de
nomes para batizar o time (como Santos Dumont, Carlos Gomes e/ou
Guarani) – fica claro para nós, que seus fundadores eram bem informados
sobre o que acontecia histórica e culturalmente na época -, fundaram, em
1º de setembro de 1910, com sede na Confeitaria Desidério, na Rua dos
Imigrantes, o Sport Club Corinthians, ainda sob a emoção da vitória do
time inglês Corinthian Team que, na tarde de 31 de agosto de 1910,
derrotou o AA das Palmeiras (nenhuma ligação com o Palestra Itália), por
2 a 0. A vitória do time inglês valeu, como homenagem, o nome do time
dos jovens do bairro do Bom Retiro.
Nasceu como
se brotasse da “força de cavaleiros templários”, profetizada nas
palavras de Miguel Bataglia: “O Corinthians será o time do povo e o povo
é que vai fazer o Corinthians”. E não tardou para que o Sport Club
ganhasse a fama de “Clube dos Operários”, do “time da plebe”. Um
fenômeno tão certo como a eternidade, que jamais chegaria ao fim...
Assim,
segue sua jornada...Entre vaquinhas, “trabalhos danados de duros” para a
preparação do seu campinho de treinos e jogos e o pagamento em dia de
seus acordos, a ex-cocheira de Joaquim Ligeiro agora era campo do
Crinthians do Bom Retiro. Logo de cara, uma derrota, mas sem
lamentações. Corinthians perdia por 1 a 0 para um dos mais famosos times
de várzea da época, o União da Lapa.
Casa
cheia...Corinthians entra em campo para sua segunda apresentação. Com
ela a primeira vitória. Com gols de Luís Fabi (quem marcou o primeiro
gol da história corintiana) e de Campbell, o Corinthians vence o
varzeano Estrela Polar por 2 a 0.
A primeira Taça!
Cada
vitória corintiana é o renascer da esperança!
Nos idos
dos anos 1910, o Corinthians, que nasceu pobre, mas nunca foi
pequeno...recebe numa prova de pedestrianismo no Parque Antártica, em
1912, sua primeira taça. Hoje, este troféu ocupa lugar especial na
galeria dos troféus corintianos.
Corinthians, um time de todos...
“Como só
que é Corintiano pode entender o que é Corinthians”.
Torcedor Anônimo
Na saga de
se tornar um grande time, o Corinthians participa do torneio organizado
pela Liga Paulista de Football (LPF). Na partida de decissão, o
Corinthians hogou solto, como autêntico campeão, vencendo de 4 a 0 o São
Paulo Atletic. Assim, o time do Bom Retiro diplomou-se “Grande”, isto é,
ganhou o passaporte para entrar na LPF e nunca mais sair dos
noticiários...
Eram os
primeiros passos de um gigante...Porém, os tempos mudavam. Muitos
italianos e portugueses, que enchiam os campos de várzea da região e
torciam pelo futuro “Timão”, debandavam...Isso porque, na época,
fundaram-se, em 1914, o Palestra Itália e, posteriormente, a Portuguesa
de Desportos. Assim, iniciava-se a tão conhecida rixa entre essas três
torcidas.
A glória de ser corintiano é ser corintiano...
Gaviões da Fiel
E a glória
vem de longe. Ao contrário do Palestra e da Portuguesa, que constituíam
times de colônias, o Corinthians, não. Ele era e é Brasil; fundado para
abrigar todas as raças e credos, de nascidos em qualquer lugar do
mundo...Corinthians sempre foi e sempre será um time de todos.
Contudo, já
jogando pela Liga Paulista de Football, com um futebol moleque que fazia
a alegria do povo e, ainda, com um time formado por alguns dos maiores
destacados jogadores do futebol varzeano, como Américo, Bianco, Amílcar
e Neco – esses dois últimos seriam figuras de grande destaque não só no
Corinthians, mas também na seleção brasileira – o Corinthians em 1914,
consagra-se campeão invicto da Liga Paulista de Football.
Corinthians
de um santo guerreiro, que pouco importa ser ou não ser o primeiro...
Porque ser corintiano é ser muito mais brasileiro.
Corinthians, além de guerreiro, era solidário...Nos idos de 1915, ano em
que o glorioso “Timão” não se inscreveu na LPF e tentou migrar para Apea,
esta, surpreendentemente, por algum motivo, recusou-lhe a inscrição e,
naquele ano, o Corinthians ficou de fora da disputa dos jogos oficiais
das duas instituições.
Contudo se
fez necessário. Mais do que isso, foi solidário, atendendo a pedidos de
empréstimo dos seus jogadores por outros clubes. Antes, porém, atendeu
àquele que se tornaria seu arquirrival: o Palestra Itália. A
solidariedade corintiana não para por aí. No mesmo ano, atravessava
séria crise financeira a Beneficência Espanhola, que prestara grande
assistência durante várias epidemias que grassavam São Paulo. Para
ajuda-la, a LPF e a Apea decidiram unir-se num torneio beneficente entre
o Germânia, o AA das Palmeiras e o Corinthians.
Só pelo
fato de serem solidários àquela nobre causa, todos, historicamente, já
seriam campeões. Entretanto, o time da plebe venceu o último jogo do
torneio contra o Germânia por 4 a 0 e se consagrou campeão pela segunda
vez. Porém com um sabor muito especial. O primeiro título conquistado em
um torneio beneficente rendeu-lhe uma das homenagens mais importantes
recebidas até hoje, a de “campeão dos campeões”.
Corintiano
de fé não cansa, “confia na lança de um santo guerreiro”.
Rema a favor ou contra a corrente e jamais abandona o barco.
Porque ser corintiano (repito) é ser muito mais brasileiro.
Dos
tempos de nômade...
Foram
muitas as dificuldades enfrentadas pelo glorioso Corinthians...Mas para
que não deixemos de lado a alegria desta narrativa sobre a história
corintiana, citemos, entre outras, as constantes mudanças de endereços
desde a sua fundação.
Bem, como
todos sabem, o Corinthians foi fundado na Rua dos Imigrantes. Mas, de lá
pra cá, por motivos diversos, teve sua sede em diversas ruas da Grande
São Paulo...Na Rua Guarani, José Paulino, dos Protestantes, no Palacete
Providencial (no Largo da Sé) e na Rua Itaporoca (na Ponta Grande). Mas
o incansável Corinthians resistiu a tudo isso. E, em 1926, mudou-se para
o Tatuapé, no atual Parque São Jorge, também conhecido carinhosamente
como Fazendinha. E é história que segue...
Conclusão
Segue
Gaviões da Fiel na linha do tempo...Com o Corinthians, no prumo de sua
trajetória, com seus feitos, alegrias, tristezas ou incertezas...Segue
no rumo pra mais
uma vitória.
Foram
muitas glórias e conquistas pregressas que trouxeram o Corinthians até
aqui e transformaram-no num dos maiores clubes do Brasil. Foram muitos
os nomes que o engrandeceram, alguns pouco conhecidos, outros, anônimos,
e outros, ídolos. Neste sentido é que dedico o primeiro setor do enredo
Corinthians...Minha Vida, Minha História, Meu Amor! A todos eles,
sobretudo àquele grupo de jovens abnegados, entusiasmados com a visita
do Corinthian londrino, jovens que, acima de tudo, amaram os seus ideais
e contribuíram para que o Corinthians se tornasse hoje uma estrela de
primeira grandeza.(1)
2º SETOR – A ARTE E A FÉ SOBRE A ARTE
CORINTIANA...
Corinthians, a inspiração do artista
É como se
os corações alvinegros entrassem na Avenida e com a marcação do surdo, a
resposta do jeito que a gente gosta. É samba, é carnaval, nessa mesma
Avenida onde a arte resplandece, o campeão dos campeões é a fonte de
inspiração do artista.
São muitos,
são tantos que, como prova de amor, enalteceram o nosso “Timão” em
pinturas, em orações, em canções, em poesias e até numa tela de cinema
dedicaram seus feitos de encanto e paixão.
É alvinegro
o pioneiro quadro pintado por Francisco Rebolo Gonsales, em 1936, que
mostra, por meio da arte brasileira, uma cena de jogadores em campo...
Da fé
corintiana, o título de “O Todo-Poderoso”.
Reza a
lenda que foi um dia de casa cheia, num jogo decisivo para os
corintianos, que um grupo de torcedores apaixonados abriu, o que não era
comum na época, um tecido que trazia frases religiosas para impulsionar
o “Timão” e, daí, o título de Corinthians “O Todo-Poderoso”.
A fé
alvinegra também fora representada, com um toque todo especial, no mais
tradicional programa de humor esportivo do rádio brasileiro. Criado nos
fins dos anos de 1960 e no início dos anos de 1970 pelo saudoso
radialista Estevan Borroul Sangirardi, o “Show de Rádio” se tornou um
grande sucesso nas transmissões esportivas da Rádio Jovem Pan e depois
na Rádio Bandeirantes, com os engraçados personagens Joça e Pai Jaú.
Principalmente, com Pai Jaú, um pai-de-santo que com suas milagrosas
simpatias e dono de uma voz inconfundível ao cantar seus pontos de ijexá
para levar o “Coringão” à vitória, marcou alegremente a fé dos
torcedores corintianos pelo Corinthians.
Entre
cantos e cantigas muitos compositores criaram, da intensa relação entre
suas almas alvinegras e seus acordes criativos, canções que entraram
para a história cultural do Sport Club Corinthians. A marcha de carnaval
o “Coração Corintiano” – composta pelo trio Manoel Ferreira, Ruth Amaral
e Gentil Jr., em 1968, até hoje ainda é um marco para a alegria dos
corintianos nos estádios brasileiros. E a eterna marcha “O Campeão dos
Campeões”, do jornalista Lauro D’Ávilla, composta em 1952, se consagrou
como o hino do glorioso “Coringão”, unindo uma das maiores expressões da
música popular brasileira: músicas de carnaval com a paixão dos corações
corintianos...
A nossa
música popular, realmente, não deixou a desejar. Inspirado pelo amor ao
Corinthians, Toquinho compôs, em 1983, a canção “Corinthians do Meu
Coração”, época em que o Alvinegro conquistou o bicampeonato paulista.
Dançando
conforme a música, além de Rolando Boldrin, mineiro matuto, mas
corintiano “roxo”, que compôs a moda de viola “Corintiano”, o grupo
musical mais antigo, ainda em atividade no Brasil, conhecido como
Demônios da Garoa, também imortalizou a sua paixão pelo Corinthians na
música “O Timão”, gravada no disco comemorativo da conquista do
Campeonato Paulista de 1977.
Corinthians
transcende um princípio de unidade geral: é arte, é o tempo que não
para, é a vida que vira poema nas letras e nas telas de cinema.
E é do
orgulho de ser corintiano que poetas anônimos versam e declamam seu
eterno amor. O mesmo amor mostrado na magia do cinema no filme Fiel que,
como dentro das quatro linhas de um campo de futebol, joga impulsionado
pela paixão corintiana.
Conclusão
Contudo,
Corinthians é arte. E arte do Corinthians é a nossa paixão.
Lembremos
do ano de 1922. Um marco histórico: Corinthians é campeão do Centenário!
Com essa nobre conquista, que vale cem anos, encerramos o segundo setor:
A Arte e a Fé sobre a Arte Corintiana...Para mais um vôo do Grêmio
Gaviões da Fiel à “Nação Corintiana”.
3º SETOR
– NAÇÃO CORINTIANA
Identidade de uma “Nação”
“O
Corinthians não é só um time e uma torcida. É um estado de espírito”.
Sócrates
Um clube,
que nasceu do povo para o povo, teve ao longo dos seus 100 anos uma
torcida fidedigna, forte e companheira...Foram...E são os “filhos deste
imenso Brasil” de todas as classes sociais, das mais simples às mais
poderosas que, sob o manto alvinegro da paixão, lotam as arquibancadas
dos estádios, das quadras, dos parques aquáticos e de todos os lugares
para torcer, incentivar, acreditar e ser feliz, por ter no coração o
amor eterno ao Corinthians.
Méritos
pela paixão, todo torcedor tem pelo seu time. Mas os torcedores fiéis
corintianos são um capítulo à parte na história das torcidas
brasileiras...Constroem do Sport Club Corinthians a “sua imagem e
semelhança”, são fiéis na tempestade e na bonança e tiram da alma o
desejo e a esperança, para que nunca percam a força da confiança.
Uma torcida
com a cara do Brasil, democrática e fiel, que transcende as dificuldades
e vence o desafio.
Que ama,
que incentiva, que chora e sorri. Que sempre esteve e sempre estará
presente. Porque sua identidade é a PAIXÃO por um clube tantas vezes
campeão.
O Corinthians de todos os tempos
“Meu Deus,
amo mais isso aqui que qualquer outra coisa no mundo”
Nos anos
1930, época de glória do “Timão”, o Corinthians é três vezes tricampeão
pelo “Paulistão”, marca que nenhum outro clube, até hoje, conseguiu
igualar. Em especial, vale ressaltar o título de 1937, por ser o
primeiro da era profissional corintiana.
Com os anos
1940 vem a expansão do clube alvinegro. O Parque São Jorge ganha uma
majestosa sede social, ginásios, piscinas, o que contribuiu também para
o investimento em outras modalidades esportivas como remo, basquete,
natação, vôlei, futsal, judô, handebol e outras. Entretanto, a principal
atração dos milhares de torcedores corintianos – o time de futebol – não
brilhava em campo como outrora e chegou a ficar quase onze anos sem um
título expressivo.
Na década
seguinte, especialmente nos primeiros cinco anos, o Corinthians é
considerado pela sua torcida “o melhor de todos os tempos”.
Era o
início de uma campanha contra o fim do jejum dos anos 1940. Anos em que
o Corinthians entra para a história: em 1952, no Campeonato Paulista,
alcançando a marca centenária de 103 gols em apenas 28 jogos, quase
quatro gols por partida! E é neste embalo de um time goleador que segue
o “campeão dos campeões” para mais um título histórico.
Entre o
áureos anos de 1951 e 1955, o Corinthians, tendo como presidente o
folclórico Alfredo Ignácio Trindade e como técnicos Rato ( na campanha
do bi de 1951 e 1952) e depois Oswaldo Brandão, conquistou tudo o que
lhe era possível conquistar: três Torneios Rio-São Paulo (1950, 1953 e
1954); a excursão vitoriosa à Europa, em 1952; a Pequena Taça do Mundo,
na Venezuela, em 1953; o Torneio Internacional Charles Miller, em 1955 e
os três Campeonatos Paulistas, em 1951, 1952 e 1954.
Em sua
história, o Corinthians comemorou muitos e muitos títulos. Poucos,
entretanto, foram tão comemorados como o de 1954, numa época em que
estava no auge o chamado espírito bandeirante, paulista e, por extensão,
brasileiro, patriótico. Então foi abençoado pelo espírito de patriotismo
que, em 1954, o Corinthians se consagrou campeão do IV Centenário de São
Paulo.
De um “deserto de títulos” ao Corinthians,
nosso eterno amor!
Podemos
dizer que os 22 anos que o Corinthians permaneceu sem ganhar títulos foi
um martírio que parecia não ter fim...
Foram
diversas tentativas em vão: melhoramentos no Parque São Jorge,
contratações de craques do futebol internacional e nacional – alguns,
inclusive, já consagrados campeões vestindo a camisa da Seleção
Brasileira e até Mane Garrincha, nesse período já em fim de carreira,
jogou treze partidas com a camisa do Corinthians.
Era no dito
popular (certamente dos adversários) a “era do quase lá” ou “Corinthians
faz-me rir”. Contudo, um gigante indomável crescia, crescia, crescia
pelo Brasil afora... Refiro-me ao corintianismo que, de uma forma
incrível, multiplicava a PAIXÃO corintiana a cada apresentação do
“Timão”. Surgia em cada torcedor alvinegro uma PAIXÃO incontrolável, uma
paixão que, qualquer que fosse a vitória corintiana, era digna de
comemoração como um título conquistado.
“Ser
campeão não é fundamental. Fundamental é ser corintiano”.
Juca Kfouri
Com a
PAIXÃO, a união e o orgulho de ser corintiano... A força desse
sentimento vinha da arquibancada, das torcidas que se organizaram num
amor FIEL ao Corinthians. Em 1969 surgem os Gaviões da Fiel. Sob as
palavras de ordem Lealdade, Humildade e Procedimento, os Gaviões
nasceram com o intuito não só de torcer e incentivar o Corinthians para
a vitória, mas também de participar ativamente da vida política e
administrativa do Clube. Sobretudo impulsionados pelo amor ao
Corinthians e pelos seus líderes Flávio La Selva, Joça, Chico Malfitane,
isto é, pelos seus “cabeças pensantes” e “guerreiros valentes”, os
Gaviões se tornaram a maior torcida organizada do país.
Pensou em
torcida corintiana, lembrou-se de GAVIÕES DA FIEL, aquela que lidera e
encanta-nos, com um espetáculo à parte, nos estádios brasileiros.
A reboque
do mesmo sentimento, posteriormente, surgiram a Camisa 12, Pavilhão 9 e
a mais recente delas, Estopim.
O torcedor
fiel corintiano é capaz de tudo para ver seu time jogar...Foi assim que
o dia 5 de dezembro de 1976 entrou para os cânones do futebol
brasileiro. Nesse dia, a Fiel Torcida mostrou que um torcedor com garra
e determinação faz toda a diferença. Mais de 70 mil corintianos ocuparam
as arquibancadas do Maracanã, contra todas as previsões de que aquele
“grande ato” seria possível. Com a vibração desse coro gigante, o time
ganhou energia extra. Venceu o Fluminense nos pênaltis e se classificou
para a final do Brasileiro naquele ano. Porém o “Timão” não levou o
troféu de campeão, mas, certamente, com a maior caravana de todos os
tempos: a “Invasão de 76”, garantiu um dos títulos de vice mais
emocionantes de toda a sua história.
E é, a
partir desta emoção, que parabenizamos às torcedoras símbolos do Sport
Club
Corinthians, Eliza, Geni e tantas outras pela dedicação, coragem e AMOR
eterno ao
“Timão”.
A libertação do grito de “É Campeão!”
Lá vem o
Corinthians e sua torcida, mais do que nunca confiante, guerreira e com
a marca das maiores torcidas brasileiras, rumo ao campeonato de 1977.
O tão
esperado título foi disputado no Morumbi, no dia 13 de outubro do mesmo
ano, contra a Ponte Preta. Milhares de alvinegros clamavam por aquele
momento de libertação do grito de “É campeão”, preso há 22 anos em suas
gargantas. Era chegada a hora!. Basílio batia com vontade para marcar o
gol da vitória sobre a Ponte Preta, 1 a 0 Corinthians, para alegria
geral da “Nação Corintiana”.
Nunca se
viu nada igual, era como se os corintianos tivessem atingido a paz
celestial. Brotavam de tudo que era lugar, num ato fenomenal, para
comemorar a vitória dojogo da final...
Salve o
Corinthians
Campeão dos campeões...
Conclusão
“Essa
torcida arrepia qualquer um, mano!”.
Carlos Alberto Parreira
Como, em
certa ocasião, disse o jornalista José Roberto de Aquino “Todos os times
têm uma torcida. O Corinthians é uma torcida que tem um time”. Aqui
encerramos o terceiro setor: Nação Corintiana, em homenagem a esta
Nação, a sua importância para a história das torcidas brasileiras, ao
seu incondicional AMOR ao “Timão”, cantando a versão do samba enredo dos
Acadêmicos do Salgueiro de 1969 – “Bahia de Todos os Deuses”, composta
pelos Gaviões da Fiel, a qual resume fielmente o crescimento do
corintianismo brasileiro.
“Corinthians os meus olhos estão brilhando
Meu coração palpitando
De tanta felicidade
Fez da torcida uma força sem igual
Meu glorioso Corinthians
Cada jogo é uma vitória
Cada vitória é um carnaval
Preto Velho já dizia rapaziada
Esse é o time que sacode a arquibancada
Sua história sua glória
Seu nome é tradição
A minha maior alegria é vê-lo campeão
Fui sofredor mas não sou mais
Sou do time mais querido
Aquele que satisfaz
Time consagrado pelo povo
E os Gaviões a cantar
Bola na frente
Lá no Parque é assim
Na vitória ou na derrota
Sou Corinthians até o fim
Sou Corinthians sim
A vida inteira...
Zum, zum, zum, Gaviões quer mais um...”
4º SETOR
– DEMOCRACIA EM PRETO E BRANCO
“Coringão se recusa a entrar no esquema pão-e-circo e passa a dedicar-se
assunto tão
importante quanto a bola: a democracia. Nem por isso o Doutor, Casão,
Wladimir e outros
esquecem de ir faturando mais uns títulos...”
Washington Olivetto
O
futebol-paixão extrapola aqui todas as fronteiras possíveis, contamina a
Sociologia, a Ciência Política, a Antropologia – e a bola acaba fazendo
História (Olivetto, 2002)
Momento de
abertura! O regime impresso na política brasileira anunciava anistia...
Os exilados voltavam para a sua pátria, a oposição organizava seus
partidos e, das ruas, em coro, ecoava das manifestações populares o
grito das “Diretas Já”.
E no
futebol? A servidão do craque continuava. A lei do passe limitava a
liberdade do jogador profissional e ninguém estranhava, ninguém
protestava? Não seria um regime ditatorial para os jogadores de futebol?
E a partir
desses questionamentos ou de um acaso feliz, segundo Olivetto, quando a
súbita e inesperada reação química se produziu e se juntaram no mesmo
time cabeças privilegiadas e espíritos insubmissos, que nasceu a
Democracia Corintiana.
Adílson,
Sócrates, Casa grande e Wladimir primavam pela liberdade. Com a
Democracia os jogadores opinavam nas palestras dos técnicos; os casados
tinham o direito de ficar fora da concentração, apresentando-se apenas
para o almoço; todos tinham a liberdade para a cervejinha no Bar da
Torre e, no momento que Adílson institucionalizou a reviravolta
democrática, Zé Maria (o super Zé) e Wladimir (o capitão da Democracia)
viraram conselheiros, contrariando os estatutos do clube.
A época o
que acontecia no Corinthians era o estopim da redemocratização do país.
Enquanto liberdade era o grito dado nos salões acadêmicos, o time do
Corinthians era aplaudido quando entrava em campo com “Democracia”
estampado na camisa.
“Ganhar ou
perder, mas sempre com Democracia”.
Em 1983, na
noite do bicampeonato, essa frase foi exibida para o público pelo time
democrata minutos antes do início da partida. Assim, entre atitude e
liberdade, o Corinthians deu o pontapé inicial para a mobilização: das
concentrações, dos estádios de futebol para as ruas com o movimento das
“Diretas Já!”.
Para além
das atitudes e determinações dos jogadores democratas corintianos, um
locutor de futebol comandava esses festins de liberdade. Não só das
cabines de transmissão, narrando as vitórias da Democracia Corintiana
(como se referiam ao time do Corinthians na época), mas também marcando
presença em muitos comícios ao lado de Ulysses, Tancredo, Lula, Brizola,
FHC e outros de oposição. Sobretudo, mencionar, neste setor, o nome de
Osmar Santos: primeiro, pelo que ele representou e representa para a
“Nação Corintiana”, emocionando-a com suas inigualáveis transmissões e,
segundo, pela sua presença ativa nas manifestações populares para a
abertura política. Moral da história: a participação de Osmar diante das
grandes massas lembra que todo o processo de redemocratização do Brasil
começou com a Democracia Corintiana no Sport Club Corinthians.
Conclusão
Enfim, o
“Timão” contaminado pela atmosfera política, quando caiu a emenda das
Diretas Já, ainda que tenha fraquejado, venceu todos os campeonatos
paulistas que disputou, os de 1982 e 1983. Nesta direção, encerramos
este setor, Democracia em Preto e Branco, com um dos episódios mais
bonitos de atitude democrática do time alvinegro comandado pelos
“Pensadores do Futebol”.
Uma noite,
a caminho do Morumbi, para um jogo decisivo, naquele trânsito da Grande
São
Paulo, tudo parado, o Doutor consultou Flávio Gikovate (psicólogo do
grupo)
anunciou:”Descemos aqui. E vamos chegar ao estádio no meio da massa”.
Um momento ímpar da história do Sport Club Corinthians contra a
depressão e a favor da
auto-estima. Não existia remédio melhor do que o abraço quente da Fiel.
E assim o time desceu e chegou ao estádio como se flutuasse num tapete
mágico, numa
passarela acarpetada pelo carinho da nação alvinegra. Batata!
Corinthians supera a depressão e
vence o jogo para a alegria de todos os corintianos.
5º SETOR
– CORINTHIANS... MINHA VIDA, MINHA HISTÓRIA, MEU AMOR!
“O
Corinthians é mais importante que a seleção”.
Wladimir
O Grêmio
Gaviões da Fiel cumpre o seu destino... No encontro ou na despedida faz
um samba e declara amor ao seu time de coração... Sob suas asas
contempla-o, presta-lhe uma das mais significativas homenagens, acende
as luzes da imaginação e estende na Avenida a sua maior PAIXÃO...
Corinthians...
No teu
manto sagrado em preto e branco,
O teu hino a cantar,
Os Gaviões a vibrar...
Para todo sempre te amar.
Corinthians, tu és a nossa fé, a nossa religião.
Um time, uma torcida, uma Nação...
Tu és o
time do nosso coração.
Teu passado de conquistas,
Marca um presente de glórias,
Tudo que trazemos na memória.
Encantados os Gaviões
Comemoram cem anos
Da sua brilhante trajetória.
Salve o
Corinthians...
Campeão dos campeões!
Que num
encontro mágico e universal chamado Carnaval, o Grêmio Gaviões da Fiel
sobrevoa, compartilhando do mesmo ar que respiro, e canta a centenária
história do time que nasceu sob a luz de um lampião no bairro do Bom
Retiro. |