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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. EXPLOSÃO DA ZONA NORTE - CARNAVAL 2010
Enredo: Geraldo Filme: De Pirapora ao Bexiga, Uma Vida Dedicada ao Samba

O Grêmio Recreativo
Autor: Comissão de Carnaval

 

APRESENTAÇÃO

Falar de Geraldo Filme é falar da nossa gente, do nosso jeito sambista de ser, de nossas tradições, culturas e ritmos. É falar de um povo sambista que mesmo na adversidade mantêm-se firmes em seus propósitos e ideais.


JUSTIFICATIVA

É com muito orgulho que o Leão da Zona Norte, vem apresentar ao público presente a historia de Geraldo Filme, o menino marmiteiro de Campos Elíseos, que cresceu na Barra Funda vendo os carregadores jogar tiririca e fazerem rodas de samba. O menino que viu nascer em sua casa a Escola de Samba Paulistano da Glória. É essa história de amor e dedicação ao Samba, que o Leão da Zona Norte, faz questão de contar sentindo-se muito honrado e privilegiado. Geraldo Filme tornou-se a referência da cultura negra paulistana. Um Sambista de fato, que nasceu, cresceu, amou e morreu pelo nosso Samba.

SINOPSE DO ENREDO

Nascido em São João da Boa Vista, no interior paulista, no ano de 1928, Geraldo Filme veio pequeno para a Capital, O pai tocava violino, mas foi com sua avó que conheceu os cantos de escravos que influenciaram sua formação musical. Aos 04 anos de idade adoeceu e sua mãe fez uma promessa para Bom Jesus curá-lo. Com a graça alcançada, a mãe de Filme foi impossibilitada de pagar sua promessa. Anos mais tarde o compositor cantou o episódio: “Mamãe fez uma promessa/ Para me vestir de anjo/ Me vestiu de azul celeste/ Na cabeça um arranjo/ Ouviu-se a voz do festeiro/ No meio da multidão/ Menino preto não sai/ Aqui nessa procissão”. Sua Mãe tinha uma pensão nos Campos Elíseos e fazia marmitas que o menino Geraldo entregava em toda região. Na Barra Funda, bairro vizinho, passava bom tempo nas rodas de samba e tiririca (capoeira) que os carregadores improvisavam no Largo da Banana.

Compôs o primeiro samba (Eu vou mostrar) ainda garoto. Sua mãe fundou a Associação de Cozinheiras da Glória, que futuramente transformou-se no cordão e de depois Escola de Samba Paulistano da Glória. Geraldo cresceu participando dos festejos de Pirapora, onde nos barracões os negros provenientes de Capivari, Campinas, Piracicaba, Sorocaba, Tietê e de outras cidades, faziam apresentações ali mesmo das formas de samba que originalmente eram feitas em suas cidades. Ali se praticava o Samba de Umbigada, o Samba de Lenço, o Jongo, O Tambu, o Samba Campineiro entre outros. A forte presença do bumbo, aos poucos provocou a fusão da denominação dos sambas que se praticavam nos barracões como Samba de Bumbo, ou Samba de Pirapora, o que Mário de Andrade preferiu chamar Samba Rural Paulista. Dentro deste ambiente fascinante e cheio de musicalidade, com muita oração, com muito axé, cercado de gente bamba, como Dionísio Barbosa, Madrinha Eunice, Pé Rachado, Pato N'água, Seu Carlão da Peruche, que Geraldo Filme tornou-se um dos maiores compositores do samba de São Paulo. Geraldo tem seu nome ligado à história do Carnaval Paulista, passou pelo grupo Barra Funda, hoje Camisa Verde e Branco, Lavapés, Acadêmicos do Tatuapé, e ajudou na fundação do Colorado do Brás. Muito querido e respeitado por todas as escolas, marcou presença e ganhou notoriedade na Unidos do Peruche, para quem compôs 12 sambas de avenida (Festival do Rei Café, Guerra do Paraguai, Heróis da Independência etc.) e mais de 10 sambas de quadra, sua maior parceria foi com o compositor e sambista B. Lobo. Em 1972 após o desfile da Unidos do Peruche, Geraldo Filme foi convocado pelos militares para prestar esclarecimentos sobre o teor da letra do samba enredo da escola “Heróis da Independência”, pois a letra era considerada subversiva para os padrões da época do regime militar. Geraldo Filme é lembrado principalmente por sua ligação com a Vai-Vai. O Samba Tradição “Quem nunca viu o samba amanhecer”, tornou-se o hino da escola, e “Silêncio no Bexiga” homenageia o celebre Diretor de Bateria da Vai-Vai, Pato N'Água. Com o samba enredo “Solano Trindade, Moleque de Recife” levou a escola ao titulo de campeã em seu primeiro ano de compositor da Bela Vista.

Geraldo Também participou de diversas peças teatrais entre elas (Balbina de Iansã, e os Batuqueiros da Paulicéia) de Plínio Marcos, que tiveram sua trilha musical gravada em LP ao lado de Toniquinho Batuqueiro, Zeca da Casa Verde, Talismã, Jangada, Carlão do Peruche, Silvio Modesto, Carlão da Vila Maria entre outros sambistas. Um grande conhecedor da história de São Paulo, Geraldo pesquisou e compôs o samba “Tebas”, que conta a história da origem deste termo que significa “o bom” ou “o melhor”, e era muito usado pelos paulistanos no século passado. Nos últimos anos de vida trabalhou na organização do Carnaval da cidade de São Paulo, inclusive tornando-se presidente da UESP. Geraldo é a maior referência da cultura negra paulistana, sempre preservando e cantando seus costumes e tradições.

O LP “Geraldo Filme”, gravado em 1980, demorou 23 anos para ser lançado em CD (Eldorado, 2003), e é uma importante gravação de cunho documental e histórico. O Canto dos Escravos, com Clementina de Jesus e Doca da Portela (Eldorado, 1982), também já pode ser encontrado em CD.

O Samba Paulistano perde no ano de 1995, o seu maior expoente, perde o menino, o compositor, o sambista, o artista de rua e principalmente quem soube cantar, escrever e retratar a realidade do samba e do negro paulistano. Viva o Eterno Geraldo Filme.
 


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