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		A Tropicália 
		reavalia o momento sócio-econômico, político e cultural do Brasil na 
		década de 60 tomando como gabarito o seu instrumento mais afinado: A 
		Canção/Música. 
		Música de 
		protesto, além da atitude que vinculou, aproveitou o samba, o folclore, 
		a música rural e urbana e definiu uma nova forma expressiva de cantar 
		(pois a tradição era um banquinho, um violão e a voz "A Bossa Nova"), os 
		compositores e cantores que aderiram ao movimento tropicalista 
		realizavam-na de maneiras diversas que quanto ao texto, quer quanto a 
		música, algumas inspirações vinham da Bossa Nova e os mais novos 
		surgiram dos festivais ou espetáculos de Arena Canta Zumbi e Opinião, os 
		músicos e cantores tropicalistas ao lado de poetas, cineastas, 
		teatrólogos e artistas plásticos uniram-se, apesar de suas peculiaridade 
		de estilo em torno de um projeto: falar do país, denunciar a miséria, a 
		exploração de grupos econômicos, a dominação estrangeira, o 
		autoritarismo político e a repressão. Falar por aqueles que não podiam, 
		os pobres da cidade e do campo. 
		As canções 
		tropicalistas resultam quase sempre da mescla de ritmos brasileiros 
		tradicionais (urbanos e folclóricos) com ritmos que foram difundidos 
		pelo rádio, disco, televisão, cinema: samba, baião, ponto de macumba, 
		rock, bolero, etc... Tropicalismo é escola de filosofia aplicada, é 
		prazer crítico, que não se deixa aprisionar por um único referencial, os 
		tropicalistas realizaram a arte de seu comunicar (expressar) de uma 
		forma diferente, debochada de um jeito extravagante e cafona no modo de 
		se vestir chamando com isto, a atenção de todos. 
		O movimento 
		tropicalista teve a participação de várias facções de artistas e 
		intelectuais tais como: 
		1) Música: 
		Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério 
		Duprat, Capinam os Mutantes (Rita Lee), Jards Macalé e tantos outros. 
		2) Artes 
		Plásticas: Maria Álvares com seus cubos sambistas, Hélio Oiticica 
		reconhecido mundialmente com sua arte em fitas, etc. 
		3) Cinema: 
		Glauber Rocha, autor do filme Terra em Transe que levou Caetano Veloso a 
		propor um novo movimento: a "Tropicália", a princípio sem êxito. 
		4) Teatro: 
		Zé Celso, na peça O Rei da Vela. 
		Depois de 
		uma temporada no Recife, Gilberto Gil voltou transformado e decidido a 
		dar o seu grito de alerta sobre a violência e a miséria em que vivia o 
		povo do Nordeste, exigiu de todos a participação e um programa de ação. 
		Gil viera encantado principalmente com os músicos toscos do interior de 
		Pernambuco, dizia que não podíamos seguir na defensiva, nem ignorar o 
		caráter de indústria do negócio em que nós tínhamos nos metido. 
		Percebera nessas andanças que o grande amigo Caetano está coberto de 
		razão. 
		INÍCIO DO 
		MOVIMENTO 
		Para Caetano 
		Veloso e Gilberto Gil os festivais foram um ponto de atividade que seria 
		conhecida como Tropicália: no festival da Música Popular Brasileira (MMPB), 
		as canções Alegria, Alegria e Domingo no Parque foram um fio condutor 
		que destoava dos demais participantes, "a prova dos nove" para os 
		tropicalistas, um espanto na época foi o tratamento veloz que Caetano 
		Veloso empresta às estrofes a nível de palavras, paródias e comentários 
		ou invenções carnavalescas dos valores (coisas ridículas, exagero) ou a 
		nível de frases (tomo um coca-cola, ela pensa em casamento), imprimiu 
		uma dinâmica inédita nas letras da canção, fazendo a ponte da Bossa Nova 
		para a Tropicália. 
		Desta 
		mistura toda nasceu o Tropicalismo; com o intuito de denunciar nosso 
		subdesenvolvimento que nossos governantes tentavam "maquiar". Partindo 
		exatamente do elemento cafona da nossa cultura, fundindo ao que houvesse 
		de mais avançado, como as guitarras (uma heresia usar guitarra em um 
		festival de MMPB para os não Tropicalistas). Mesmo o povo e, 
		principalmente o nordestino sob o sol escaldante, passando muita 
		necessidade e falta de cultura em todos os sentidos nossos governantes 
		construíram Brasília; mais uma tentativa de passar para o povo que 
		estávamos a um passo do desenvolvimento, fato este denunciado na música 
		Tropicália de Caetano Veloso e Parque Industrial de Tom Zé. 
		ORIGEM DOS 
		PERCUSSORES DA TROPICÁLIA 
		Os 
		percussores do movimento tropicalista na sua maioria são originários da 
		Bahia de todos os Santos, terra do Afoxé Filhos de Gandhi (um amor deste 
		criança de Gilberto Gil), ou seja, os Baiunos como eram chamados 
		carinhosamente. Sempre que podiam Gl, Caetano, tom Zé, Capinam, Torquato 
		Neto, Maestro Rogério Duprat e outros reverenciavam à Bahia através de 
		músicas/canções, entre tantas destacamos Hino ao Senhor do Bonfim, 
		inclusive Batmacumba 
		ÍDOLOS DOS 
		TROPICALISTAS 
		Estes 
		adorados Baiunos juntamente com outras facções Tropicalistas do país 
		(anos 60) tinham como ídolos: 
		1) Abelardo 
		Barbosa, "Chacrinha" o Velho Guerreiro pelo seu visual extravagantes 
		e brega (como usar cartola com plumas, roupas coloridas, extravagantes e 
		bugigangas). Um artista muito avesso para sua época fazendo um programa 
		que de uma forma ou de outra levava todos ao Circo e ao Carnaval, esta 
		grande festa profana. Uma cena que marcava muito era o troféu abacaxi 
		que era entregue ao calouro que era "buzinado" pelo próprio quando este 
		não era aprovado (Chacrinha é citado na música Tropicália de Caetano 
		Veloso). 
		2) Carmem 
		Miranda, a Pequena Notável, pela sua Brasilidade sendo a mesma natural 
		de Portugal. Em seus espetáculos hollywoodianos, Carmem Miranda quase 
		sempre se apresentava com a vestimenta em cores que lembravam o Brasil, 
		cantava músicas brasileiras e usava como adereços as frutas tropicais do 
		nosso país (Carmem Miranda é citada na música Tropicália de Caetano 
		Veloso). 
		3) Ernest 
		Chê Guevara, pelos seus ideais e sua luta pela igualdade social em seu 
		país. Um projeto socialista parecido com o dos Tropicalistas, 
		principalmente o não ao estrangeiro pregado por Chê Guevara na América 
		Latina, pois os povos latino americanos sempre foram subdesenvolvidos e 
		discriminados por isto. Gilberto Gil e Capinam retratam esta admiração 
		na música/canção Soy Loco Por Ti América. 
		
		PRÉ-EXÍLIO E EXÍLIO 
		Como muitos 
		Brasileiros os Tropicalistas também sofreram muito com a ditadura 
		implantada em nossa Pátria na década de 60, Gilberto Gil, Caetano Veloso 
		e tantos outros foram presos pelos militares que tornaram o poder e 
		antes de serem exilados, no período pré-exílio e exílio Caetano Veloso 
		compôs a música Baby tão bem interpretada por Gal Costa, talvez a 
		intérprete preferida dos Tropicalistas. Com o exílio Tom Zé, Gilberto 
		Gil, Caetano Veloso, Dedé e muitos outros foram obrigados a viverem 
		longe do Brasil. Os Baiunos escolheram Londres (Inglaterra) para tentar 
		viver longe da Nossa Pátria Mãe Gentil. Foi neste período difícil que o 
		Rei Roberto Carlos e seu parceiro Erasmo Carlos que sempre admiraram 
		Caetano Veloso compuseram a música Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos 
		em homenagem a Caetano Veloso. Somente depois é que a sociedade veio a 
		saber do fato (Roberto Carlos sempre foi apolítico). 
		ALGUMAS 
		MÚSICAS TROPICALISTAS 
		Muitas foram 
		as canções Tropicalistas que denunciaram a tentativa do povo, entre 
		tantas citamos algumas pois deste universo musical que foi e é o 
		Movimento Tropicalista é impossível relatar todas. Para o nosso desfile, 
		escolhemos as principais no nosso ponto de vista e pesquisas do nosso 
		Departamento Cultural: 
		Alegria, 
		Alegria de Caetano Veloso e Domingo no Parque de Gilberto Gil (músicas 
		que introduziram as guitarras elétricas nos festivais de MMPB e deram o 
		início ao movimento Tropicalista), Geléia Real de Gilberto Gil e 
		Torquato Neto (mistura de várias facções), Batmacumba de Gilberto Gil e 
		Caetano Veloso, Hino ao Sr. do Bonfim de J. Wanderley e P. Pilar 
		(músicas em homenagem ao torrão dos percussores da Tropicália), 
		Tropicália de Caetano Veloso, Parque Industrial de Tom Zé (crítica aos 
		governantes que tentavam enganar os pobres e miseráveis do Brasil), 
		Mamãe Coragem de Torquato Neto e Caetano Veloso (mensagem às mães que 
		estavam preocupadas com seus filhos que estavam saindo de casa para ter 
		sua vida própria "estudante, jovens em geral que formaram uma nova 
		classe, os hippies"), Soy Loco Pôr Ti América de Gilberto Gil e Capinem 
		(homenagem aos povos latinos das Américas principalmente a Ernesto Chê 
		Guevara), Bby - "... você precisa não sei leia na minha camisa, baby, 
		baby..." de Caetano Veloso (crítica aos produtos e a língua estrangeira 
		que estavam sendo empurrados "goela" abaixo dos brasileiros pelos 
		governantes). Era o final da Tropicália. Vale ressaltar que foram os 
		Mutantes (que tinha Rita Lee como intérprete) com roupas verde e preta a 
		banda que acompanhou Caetano Veloso quando o mesmo defendeu a música 
		Proibido Proibir no festival de MMPB do qual os mesmos foram vaiados sem 
		parar e a platéia demonstrando um descontentamento total virou-se de 
		costas para o palco, os Mutantes em protesto também fizeram o mesmo 
		gesto e viraram-se de costas para a platéia. Rogério Duprat (maestro) 
		sempre participou como arranjador da maioria das músicas dos 
		Tropicalistas sendo o mesmo de formação clássica e acadêmica. 
		Para os 
		Tropicalistas: "O corpo é tão importante quanto a voz, a roupa é tão 
		importante quanto a letra, o corpo está para a voz, assim como a roupa 
		está para a letra..." 
		Muitos 
		membros do G.R.S.C. Escola de Samba Pérola Negra viveram este momento 
		histórico e contestador; movimento que sempre denunciou a injustiça 
		social, sem perder o equilíbrio e o sonho da paz. Sonho este que nunca 
		deve ser abandonado pelos seres humanos, quer da nossa pátria, quer do 
		mundo. 
		Viva a 
		Paz... 
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