PAIXÃO PELA MÚSICA 
							DESDE OS TEMPOS DE CRIANÇA
							
							Quatro de março, 
							domingo de Carnaval, Bairro da Barra Funda, São 
							Paulo. Inezita Barroso nascia no meio da folia para 
							uma vida dedicada à música e à arte popular 
							brasileira. O talento natural, a influência 
							familiar, o estudo e as técnicas aprendidas com 
							paixão misturaram-se para legar a esta grande 
							mulher, de alegre coração corintiano, a base para 
							uma trajetória de 46 anos de sucesso e contribuição 
							às nossas raízes.
							
							Com apenas cinco anos, 
							já cantava o repertório completo de Carlos Gardel, e 
							se escondia atrás do sofá para acompanhar as aulas 
							de violão da tia. Apoiada pela família, era ainda 
							uma criança quando fez os primeiros cursos de canto 
							e declamação para despontar a fama em festas de 
							aniversário. Nas audições, formaturas, missas e 
							serestas, Inezita exibia os timbres de contralto 
							herdados da avó paterna, cantora e pianista famosa 
							nos salões da alta sociedade paranaense.
							
							O "rasqueado" mágico 
							nas cordas do violão, que encantaria platéias dos 
							quatro cantos do país, Inezita aprendeu com Raul 
							Torres, colega de seu pai na estrada de ferro 
							Sorocabana.
							
							O interesse pelo 
							folclore e pelas raízes brasileiras também começou 
							cedo, quando passava as férias nas fazendas da 
							tradicional família paulista, o seu lado materno. 
							Desde então, convivendo com os caboclos das colônias 
							e brincando nas ruínas de senzalas, ao som das 
							violas e da cantoria, a menina Inezita tomava nota 
							de tudo o que lhe chamava atenção, para organizar um 
							dos mais valiosos acervos de pesquisa do folclore 
							brasileiro, a partir de 1932.
							
							RECITAL NO TEATRO 
							DE RECIFE E CONSAGRAÇÃO NO RÁDIO
							
							A carreira 
							profissional teve início em outubro de 1951, quando 
							Inezita foi convidada para cantar no recital no 
							Teatro Santa Isabel, Recife, onde passeava em 
							companhia do marido, um cearense de tradicional 
							família musical e artística. A apresentação valeu a 
							Inezita o contrato com a Rádio Clube de Recife, onde 
							começou sua longa carreira de sucesso com a 
							consagração no Rádio.
							
							A Rádio Clube de 
							Recife foi o ponto de partida da "Rainha do Folclore 
							Brasileiro", que atuou em emissoras de praticamente 
							todos os estados brasileiros. Entre outras, Rádio 
							Nacional do Rio, Rádio Nacional de São Paulo, Rádio 
							Jornal do Comércio de Recife, Rádio Tupi do Rio de 
							Janeiro e Rádio Record de São Paulo.
							
							Na Televisão, comandou 
							programas ao vivo na TV Tupi de São Paulo, TV Rio, 
							TV Tupi do Rio de Janeiro, TV Itapuã da Bahia, TV 
							Jornal do Comércio do Recife, TV Farroupilha de 
							Porto Alegre, entre outras. A ligação mais estreita 
							e mais intensa foi com a TV de São Paulo, onde 
							apresentou programas de músicas típicas desde a 
							inauguração em 1954 até 1964.
							
							A SERESTEIRA VIRA 
							ESTRELA DE CINEMA
							
							No cinema, a Vera Cruz 
							em sua fase de ouro, com Zienbinski e Adolfo Celli, 
							convidou Inezita para seis produções, entre elas 
							"Ângela" (Prêmio Revelação); "Proibido Beijar" (ao 
							lado de Tônia Carreiro). Na Kino Filmes destacou-se 
							por sua interpretação em "Mulher de Verdade", 
							ganhadora do prêmio Saci de Melhor Atriz de 1954.
							
							A discografia de 
							Inezita Barroso reúne um dos mais importantes 
							acervos da legítima música folclórica, sinfônica e 
							popular brasileira, com 65 títulos, entre eles 
							sucessos inesquecíveis como Peixe Viva, Marvada 
							Pinga e Lampião de Gás, e uma coletânea de clássicos 
							da moda de viola contra a invasão da música 
							norte-americana nos anos 60.
							
							MADRINHA DA BANDA E 
							DA MODA DE VIOLA
							
							Madrinha da Banda da 
							Força Pública de São Paulo, "a mais querida", foi 
							acompanhada com seu violão e sua viola por 
							orquestras regidas por Hervé Cordovil, Guerra Peixe, 
							Gabriel Migliori, Ciro Pereira e Radamés Gnatalli, e 
							levou aos estúdios de gravação catireiros, 
							violeiros, berranteiros, sanfoneiros, ritmistas e 
							grupos folclóricos do Amazonas aos pampas.
							
							Amante da música de 
							raiz, percorre o país, estimulando os costumes e os 
							grupos que mantém viva a tradição do folclore 
							brasileiro, prestigiando com sua presença algumas 
							das mais tradicionais festas típicas, entre elas: O 
							Folclore dos Pampas Gaúchos, A Folia de Reis, O 
							Frevo, Quadrilhas Baianas e o Bumba Meu Boi.
							
							A RAINHA DO 
							FOLCLORE BRILHA E ENSINA O QUE SABE
							
							Há 18 anos, Inezita 
							comanda todos os domingos de manhã o programa 
							"Viola, Minhas Viola" na TV Cultura, e, desde 1990, 
							apresenta diariamente o programa "Estrela da Manhã", 
							das 5 às 7 horas, na Rádio Cultura AM.
							
							Formada em 
							biblioteconomia, concertistas e professora, há 15 
							anos Inezita Barroso difunde sua paixão e seus 
							conhecimentos apresentando sua arte, proferindo 
							palestras e cursos por esse Brasil afora e ensinando 
							Folclore Brasileiro e História da Música Popular nas 
							Universidades.