Introdução
Neste ano de 2008, celebraremos 120 anos da Abolição da escravatura em nosso Brasil, e a Mocidade Robruense dá a sua parcela de contribuição, falando de dois gêneros musicais que nasceram nas camadas mais baixas da sociedade e sofreram rejeição, e através dos tempos romperam barreiras, ocupando espaço digno e devido, e hoje estão presentes nos corações e na preferência de grande parte da massa brasileira.
Injustamente tirado do seio da Mãe África escravizado na Terra Brasil o negro vê seu sonho de liberdade realizado através da assinatura da Lei Áurea por intermédio da Princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888.
Mesmo com esta conquista o que se viu através dos tempos, foi uma divisão de classes e até racial, onde o negro se viu excluído, colocado em segundo plano e marginalizado, sofrendo um "massacre social", longe dos direitos e oportunidades. Sendo assim aglutinou-se em espaços caóticos, sem infra-estrutura e sem o mínimo de condições ambientais. Sem acesso à escola, saúde, esporte e cultura, e sem condições de disputar um espaço igual na sociedade, formou a Classe D, o dito Povo da Periferia... Tão limitado e necessitado de apoio governamental.
Sem recurso e visibilidade, muitos se perderam em caminhos tortuosos e árduos, à mercê das drogas e do crime, ajudando a engrossar a população carcerária ou se formando "Soldados do Crime" nas falidas Febens, incapazes de recuperar seres humanos para a sociedade.
É diante desse quadro de negativismo, sem perspectiva que surgem, dois ritmos musicais como numa redenção social e se transformam em válvula de escape para tantos conflitos e desencontros; São o Samba e o Hip-Hop, que nasceram nos setores mais baixos das camadas sociais.
Aparentemente distintos, ambos passaram por um processo de muita luta para alcançar aceitação, sofrendo muita discriminação em suas respectivas trajetórias.
O samba nascia no morro e era retrato dos excluídos e marginalizados, por isso em determinada época surgiu o termo "Escola de Samba", adotado pelos sambistas a fim de romper barreiras e transpor obstáculos, com organização e legitimidade.
Já o Hip-Hop que nasceu nos EUA, chegou ao Brasil no início da década de 80. trazido por Equipes de Bailes e através de revistas e discos vendidos nas lojas da Galeria da Rua 24 de Maio (Centro de São Paulo). Seus percussores sofreram perseguições por parte da Polícia e comerciantes da região, pois dançavam pelas ruas da redondeza e não eram bem vistos, então lograram-se para a Estação São Bento do Metrô, onde o movimento ganhou força e o lugar tornou-se um marco na história do ritmo em nosso chão.
Como numa revolução, pobres em sua maioria negros se unem numa manifestação cultural. Cavaco, tamborim, pandeiro, violão são armas perfeitas para lutar contra a desigualdade, valorizando pessoas trazendo novos alentos e perspectivas. Momentos de paz e alegria são vividos por pessoas marcadas pela crueldade e que agora extravasam felizes, cantando e batendo na palma da mão. Através do Hip-Hop, a arte se manifesta de várias formas, como no grafite, que nos encanta com suas maravilhosas técnicas; o Hip-Hop cantado das rimas e improvisos, onde se retrata a realidade dos guetos de cidades grandes como São Paulo e Rio de Janeiro; o Street-Dance; os Mcs e os Djs envolvem as massas nos salões lotados onde milhares de vozes ecoam no grito dos desfavorecidos, com fins de melhoria e caráter revolucionário.
Rendemos homenagens a tantos que fizeram o samba do Brasil através dos tempos, as Escolas de Samba, Grupos e nomes imortais que ajudaram o samba a descer o morro e ganhar o mundo... Saudamos aos Rappers, Mcs, Djs e Equipes que tornaram o Hip-Hop esta manifestação popular, fazendo com que vozes sejam ouvidas, direitos sejam reivindicados e espaços sejam ocupados.
Viva o Samba, salve o Hip-Hop, que abriram novos horizontes, trouxeram capacitação e valores à pessoas antes sem objetivos, e que hoje caminham em frente no ideal de Liberdade e Dignidade.