Introdução
A Mocidade se faz mais “Alegre” do que nunca e, sob a luz do carnaval, traz para o asfalto a essência que a magia do riso possui, pois ele altera o estado de espírito de todo ser humano abrindo as portas para a comunicação com o mundo ao nosso redor. Torna a vida mais colorida e feliz, uma vez que possui a capacidade de espantar a tristeza. O riso é a própria expressão da alegria.
E por falar em alegria, o brasileiro sempre transformou em riso qualquer situação que num primeiro momento pudesse lhe parecer difícil. Sempre foi mestre na arte do improvisar e foi justamente isso que lhe deu a marca da criatividade, hoje, estampada em seu espírito.
O Brasil, desde seu surgimento enquanto nação foi dando jeitos, e dentre todos os jeitos, surgiu o jeitinho brasileiro, que nada mais é do que dar um tom, uma cor, ao modo brasileiro de encarar a realidade.
E assim surgiu o jeito inocente, debochado e irreverente dessa gente brasileira de se levar a vida em ritmo de gargalhadas, pois nosso riso é mais feliz. No asfalto demonstramos que somos os mestres da alegria, afinal... fazemos carnaval!!!
Sorria, a Morada do Samba chegou!!!
Desenvolvimento do Enredo
Setor 1: A Magia do Riso Inocente
Setor 2: Sob a Lona do Picadeiro, o Riso em Cena
Setor 3: As Chanchadas Revelam ao Mundo o Jeitinho Brasileiro de Fazer Sorrir
Setor 4: Sátira-Brasil, uma Zorra Total
Setor 5: Sorria, é Carnaval!
Setor 1 – A Magia do Riso Inocente
A criança é a própria expressão da pureza. Seu jeito de rir revela a inocência e a sinceridade de alguém que ainda acredita em encantos e magias, que brinquedos tenham vida e que os contos de fadas também existam. A magia do universo infantil é a vida em suas verdades essenciais, justamente por possuir uma visão original sobre tudo.
O riso é uma das primeiras experiências de vida. Ele é responsável por dar início à interação da criança com o mundo ao seu redor. É ele quem abre as portas do fantástico mundo da imaginação, onde fábulas e contos ganham formas e cores, transformando a vida numa grande brincadeira.
O ato de brincar e sorrir são as fontes de inspiração para todos artistas anônimos que fazem da pureza do riso infantil a essência de sua arte e revelam a todos que a simplicidade é a alma da felicidade. Assim eram os saltimbancos, heróis que perambulavam pelas estradas do país, levando uma arte artesanal e singela. Davam vida a fantoches, ventríloquos e marionetes, e se expressavam nas formas mais variadas. Moravam no mundo e seu destino era a alegria.
As luzes se acendem, o asfalto vira passarela, a música entoa alegre e constante. A troupe da alegria anuncia que a magia do riso chegou.
Setor 2 – Sob a Lona do Picadeiro, o Riso em Cena !
“Hoje tem espetáculo? Tem, sim senhor!” Assim gritava o coro da multidão de crianças que corriam para repetir as graças ditas pelos mensageiros da alegria. Era o circo chegando em caravanas, espalhando pelas ruas uma das mais antigas e completas manifestações populares e artísticas. Esta arte milenar, remontada nas próprias origens da humanidade, provavelmente nascida do desejo do homem em ser dono do próprio destino, é o verdadeiro sinônimo da alegria.
O circo é parte da memória da infância de todos. O circo é a criança que nunca envelhece. Enquanto existir um sorriso de criança, a magia do circo sobreviverá. E essa magia só se perpetuou e se espalhou devido ao amor e dedicação dos artistas que carregam em suas veias o sangue nômade do circense. Foram eles que conseguiram fazer com que a mensagem do riso e da alegria sobrevivesse em meio à dureza e o concreto das cidades. Eles reinventaram a sua história com as próprias mãos, recosturando as lonas, pregando estacas, levantando arquibancadas e dando vida a um dos maiores espetáculos da Terra.
Sob a lona colorida, as lantejoulas brilhantes, os retalhos, os traços e a pintura cintilante dão vida e formas ao encanto. A voz de comando anuncia de forma firme e calorosa: meninos e meninas, senhoras e senhores, o espetáculo vai começar, revelando o momento mágico em que arte se encontrará com o riso.
E como um passe de mágica, a poesia então acontece. Como se fosse uma gigantesca peça teatral, muda a face das pessoas na medida em que vai mudando a face das peripécias dos artistas. O imprevisto então surpreende, comove e faz aflorar o mais intenso sorriso de emoção. São malabaristas, ilusionistas, contorcionistas, trapezistas, dançarinos e acrobatas criando uma alegoria que nada mais é do que a alma do circo, seu fundamento.
E, no centro do picadeiro entra em cena a maior expressão da alegria, capaz de despertar gargalhadas e fazer com as pessoas esqueçam sua vida por alguns minutos. São os palhaços, maiores testemunhos do sorriso livre de qualquer juízo, de qualquer crítica. Com seu jeito debochado, ingênuo e brincalhão, com seus sapatos enormes, rostos pintados, roupas largas e coloridas, com seus chapéus alegóricos, perucas e penteados e um falso nariz redondo, com suas trapalhadas, cambalhotas, bofetões e andar desengonçado provocam no ser criança a intensidade de um sorriso verdadeiro, onde a magia do faz de conta, realmente acontece.
E foi justamente com o palhaço, símbolo maior de um circo, que o Brasil testemunhou o despertar do jeito brasileiro de se fazer sorrir. A genialidade de alguns artistas, que com uma capacidade extraordinária de improviso e empatia com o público, deram uma cara bem brasileira em suas travessuras e brincadeiras.
Nos circos iam brotando personagens que, em pouco tempo, foram motivos de inspiração para tantos outros artistas do cinema, televisão e rádio. Sem contar que muitos deles, também pisaram nas arenas e fizeram cena sob a lona do picadeiro.
Setor 3 – As Chanchadas Revelam ao Mundo um Jeitinho Brasileiro de Fazer Sorrir
O brasileiro sempre transformou em riso qualquer situação que num primeiro momento pudesse lhe parecer difícil. E assim, apresentava ao mundo seu jeitinho todo particular de fazer arte pelo riso, não deixando de mostrar, em todas as suas faces, o modo alegre e feliz da nossa brava gente em levar a vida, muitas vezes sofrida, mas nem por isso menos alegre.
E nenhum outro estilo de arte foi tão característico ao retratar a nossa fanfarrice do que as “chanchadas”, que nada mais foram do que o principal produto de um cinema que tentava se fixar como indústria do humor nacional.
Mesmo pretendendo, em certos aspectos, imitar o modelo hollywoodiano, as chanchadas transpiravam uma inconfundível brasilidade, dominando as telas nacionais e batendo de frente com a produção estrangeira. Já consagrada, a comédia popular colocou em destaque os problemas cotidianos da época, misturando o circo, o carnaval, o rádio e o teatro de revista em filmes que retratavam o malandro brasileiro, os desocupados, as donas de pensão e as empregadas domésticas. Atingia um público mais amplo, com linguagem fácil e oriunda de outras manifestações artísticas que já faziam sucesso.
O sucesso destes filmes deveu-se a uma infinidade de fatores. Um deles é a grande popularidade do rádio no Brasil. De norte a sul, os programas de auditório, com a presença de grandes cantores eram transmitidos para todo o país e tinham imensa audiência. A era do rádio proporcionou uma infinidade de ouvintes porque ainda não existia a televisão. Ele acabava sendo um dos únicos meios de comunicação capazes de trazer entretenimento ao público que não tinha acesso aos cassinos. Assim, filmes que apresentassem os cantores iriam atrair todas as atenções em todo o país, já que finalmente o público poderia conhecer a fisionomia de seus ídolos.
Um outro fator que contribuía para o sucesso do cinema brasileiro era o teatro de revista, feito sobre a estrutura de esquetes, contando com grande número de comediantes famosos no Cassino da Urca. Sendo assim, são levadas para o cinema as estrelas do rádio, do teatro de revista e dos cassinos.
A chanchada revelou uma comédia cinematográfica tipicamente brasileira e de maneira mais específica, carioca, musicada e baseada no exagero de tipos, traços e comportamentos culturais, bem como situações vividas por personagens populares em busca da ascensão social. Ressaltou ainda a figura do anti-herói cômico, enredado nos conflitos entre mocinhos e bandidos. Enfim, era através de seus ídolos o reflexo de um povo feliz que brincava no carnaval, brigava nos bares, ria sem preconceitos e tinha esperança no futuro.
Ainda que tenha sido um cinema de diversão ou de mero entretenimento, a chanchada permitiu não apenas uma continuidade da produção nacional, como revelou grandes comediantes do antigo teatro musicado.
O brasileiro provou no cinema ser mestre na arte do riso improvisado e debochado. Foi justamente isso que lhe deu a marca da criatividade. Ficou marcada no tempo a saudade de um cinema romântico, que registrou na história o jeito brasileiro na arte de fazer sorrir.
Setor 4 – Sátira-Brasil – Uma Zorra Total
Com o surgimento da televisão, o cinema perdeu muito de sua força, pois a mesma tornou-se muito mais popular, obrigando aos grandes artistas invadirem o universo televisivo. Graças a TV, muitos cômicos puderam manter o esquema divertido e original de sabor bem brasileiro. Porém, o humor passou a ser reformulado, deixando as características que fizeram sucesso no cinema, para então se tornar mais crítico, revelando um outro jeito de encarar a vida.
Era o brasileiro rindo do próprio brasileiro . Afinal de contas, quando a barra está pesada, é melhor fazer piada, pois brasileiro que é brasileiro adora rir de tudo e de todos, mesmo porque é de graça e não paga impostos. Abusa do senso de humor e expõe sua extraordinária criatividade e irreverência, disfarçando, em tom crítico, sua insatisfação. O bom brasileiro tem sempre uma língua afiada e sabe muito bem o momento certo de brincar com a situação, sabe como fazer de um fato aparentemente catastrófico, um motivo para rir, mesmo que este riso seja de si mesmo.
Sendo assim, a TV brasileira foi invadida por corsários com um único intuito: fazer humor inteligente. Era a TV Pirata que roubava o sinal de transmissão dos televisores em todo o Brasil para instaurar a anarquia em forma de paródias, escrachos e ironias. Fazia nossa alegria em quadros que esculhambavam a televisão em si e a vida em geral.
Está de saco cheio de ser assaltado? Bebeu todas e acordou com uma baranga do lado? Cansada de dietas milagrosas e remédios que alucinam, mas não diminuem suas medidas? As Organizações Tabajara trazem os mais absurdos, divertidos e politicamente incorretos produtos desenvolvidos, numa verdadeira Bíblia para o consumidor moderno. De certa forma, denuncia a própria indústria do consumo, instaurada em nosso país, alimentando cada dia mais o monstro do capitalismo. Com toques de ironia, viraram uma febre nacional e hoje, quando se quer dizer que o produto não presta e não funciona, é só dizer que é Tabajara que está tudo entendido.
O Brasil vem deixando a sua nação cada vez mais pobre e mais endividada e isso logo virou humor. “Isto não te pertence mais” virou outra febre nacional. O bordão ilustra a nova realidade da classe média alta brasileira que, diante das adversidades percebe sua condição financeira cada vez mais comprometida, transformando assim, os ricos em “novos pobres”.
E, vindo do “aquém do além adonde veve os mortos”, surge Bento Carneiro, o Vampiro Brasileiro. Célebre personagem de Chico Anysio trata-se de uma sátira aos vampiros dos filmes, sempre poderosos e malvados, que aterrorizavam todos que os viam. Já o Bento, num paralelo ao brasileiro, também pobrezinho, desnutrido, tinha os caninos cariados, e nada dava certo pra ele, pois não conseguia assustar ninguém. Mais atual do que nunca, esta personagem personificava a idéia do próprio Brasil frente as grandes potencias mundiais, resumido a tão somente um país de terceiro mundo, que sofre com a falta de credibilidade nos mais diversos setores de nossa sociedade.
E por falar em credibilidade, a tv denuncia ainda que no Brasil tudo acaba em pizza, o que significa que culpados não serão devidamente punidos. A expressão afirma que os escândalos políticos no Brasil devem terminar à mesa, com leves conversas e aperitivos. Há quem atribua a origem da expressão ao caráter irônico do brasileiro.
Enfim, dentre outros tantos personagens e programas humorísticos, a televisão segue dando o recado e mostrando que o Brasil não passa de uma zorra total. Um país onde nada é levado a sério, tudo em poucos segundos vira pirataria, nada funciona ou tem qualidade. Um país onde o povo, mais pobre e endividado vai formando uma nação completamente desacreditada, pois sabe que apesar de tudo, a “pizza” lhe será servida à mesa.
Apesar do brasileiro possuir essa alegria, essa festividade e mostrar seu lado feliz, também sabe reclamar da sua situação, embora de um jeitinho diferente, irreverente como essa gente retratada nas telas da televisão.
Seguindo a filosofia brasileira, se está difícil, é melhor fazer piada. Pois, nosso riso irreverente comprova que apesar dos problemas somos mestres da alegria, afinal fazemos carnaval.
Setor 5 – Sorria, é Carnaval!
Nenhuma festa é capaz de apresentar uma quantidade tão grande de sorrisos. Quando o carnaval invade o asfalto, paira no ar uma alegria contagiante que emociona a todos que esperam um ano inteiro para realizarem suas fantasias e viverem um momento de glória. E esta alegria está estampada no ícone que a representa, o Rei Momo. Num sorriso largo e iluminado, ele consegue contagiar a todos e nos convida a cair na folia. Uma onda de euforia nos invade e decreta: sorria, é carnaval.
Com seus giros, as baianas espalham gotas de pura emoção e alegria, evidenciando a vocação de esbanjar simpatia em seus largos sorrisos. São mães, avós e tias do samba. Carregam as mais diferentes histórias e sonhos e quando chega o momento de adentrarem a avenida, a fantasia toma conta de seus destinos, como se Deus se refletisse em suas almas.
E tão intensa como a luz do Sol, o grande Astro-Rei, foi a luz que iluminou as mentes e os corações daqueles que num momento de bem-aventurança criaram um verdadeiro celeiro de bambas, a Mocidade Alegre, que carrega em sua essência, a começar pelo próprio nome, a alegria de ser sambista.
Escola de Samba irreverente, inovadora, jovial e de grandes talentos, a Morada do Samba se faz mais do que nunca a guardiã da felicidade e do humor. Sentimentos estampados nos sorrisos felizes de cada um dos seus filhos, tornando-a também uma verdadeira Morada do Riso, onde o samba e a alegria fazem morada.
E neste carnaval, chegamos ao ano em que comemoraremos os nossos 40 anos. São quarenta carnavais, e sorrimos de orgulho e felicidade por fazermos parte desta história construída e preservada pelos nossos baluartes do riso, guardiões da nossa alegria, com muito amor e irreverência. Aliás, o amor ao samba e a irreverência são sentimentos que moldaram a nossa identidade, e fizeram da nossa gente uma verdadeira família, a família Mocidade Alegre.
Sorria filho da Morada, pois seu destino é sorrir... sorria de alegria e de orgulho... afinal, sua Escola é “Alegre”... É a Mocidade Alegre... sorria!!!