Em Grandes Sertões Veredas, o “Elo Perdido” - momento mágico da Evolução que dividiu as espécies, se achou pelas mãos da Missão Científica Franco-Brasileira, em 1971.
Chefiada pela antropóloga paulista Niède Guidon, anunciou a presença humana em cavernas do Piauí há mais de 50.000 anos.
O lugar da descoberta é a Serra da Capivara que pertence ao município de São Raimundo Nonato, bem no meio do sertão do Piauí; que entre veredas e grotões abriga um dos sítios arqueológicos mais ricos do planeta e o maior acervo de pinturas rupestre do continente. Tal fato coloca o Piauí no centro do mundo científico, e questiona a teoria clássica sobre o povoamento do continente americano, que data o surgimento do homem, na região, há 30.000 anos. E cria uma nova teoria, que diz que o homem primitivo veio de outro lugar, provavelmente da Antártida navegando pelos oceanos em grandes blocos de gelo até alcançar as Américas.
Piauí, Berço da nossa existência !
Dando luz à nossa ancestralidade, as descobertas revelam um Brasil Pré-Histórico que pouco conhecemos, onde há 85 milhões de anos atrás viveram nossos ancestrais, remanescentes de um mundo onde magníficos animais transitavam, primeiro os monstruosos dinossauros e depois, há milhares de anos, a chamada Megafauna: mastodontes, tigres-dentes-de-sabre, ursos e preguiças gigantes.
É um dos tesouros mais importantes do mundo, e como forma de preservação, em 1979 é criado o Parque Nacional da Serra da Capivara, por obra e esforço de Niède Guidon e sua equipe. Em 1991 é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco .
Na realidade, todo o estado do Piauí é um grande tesouro arqueológico, que emergiu do fundo do mar.
.........Certo beato nordestino profetizou.
“O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão !”
Profecia que na realidade, já aconteceu.
O mar virou sertão!
A ciência comprova, a terra do sol emergiu do fundo do mar!
Foi no período Pré-Cambriano.
A caatinga do nordeste brasileiro e que abrange o atual estado do Piauí, já esteve várias vezes submerso em água salgada, isso há 225 milhões de anos.
O mar se foi, mas ficaram restos de seres que ali viveram e formações geológicas típicas de fundo do mar – evidências que estão por toda parte, principalmente na região de Piripiri e Piracuruca que abriga o atual Parque Nacional das Sete cidades.
Como um mundo de pedras, as Sete Cidades sempre constituiu um fascinante desafio à imaginação humana.
Formada por sete grupos de formações geológicas, milenares, esculpidas pela erosão e pelo vento, em pleno cenário ecológico, que só em entrar em seus limites sente-se um ar místico, sagrado.
As marcas e sinais deixados nas pedras por povos que viveram há aproximadamente 190 milhões de anos, despertou o imaginário popular para o extraordinário, criando mitos e lendas fantásticas.
Contam que os romanos já navegaram por estas bandas e aportaram na região, em busca da lendária Insula Septem Civitatum – Ilha das Sete Cidades.
A Cidade Petrificada hipnotiza pela grandiosidade da energia enigmática, que para o historiador austríaco Ludwig Schwennhagen foi um antigo Império Fenício.
Já o francês Jacques Mabieaou diz que foi um grande golfo visitado por vikings escandinavos.
Indícios apontam a presença da civilização Atlante, que teria navegado para cá após a submersão da Atlântida – Cidade Perdida.
Fatos e lendas constituíram um mundo encantado cheio de mistérios e inspiraram, em 1968, o escritor Erich Von Däniken em seu best-seller “Eram Os Deuses Astronautas”.
Segundo antigos manuscritos, esta terra de encantaria, ainda abrigou uma antiga civilização, onde o poderoso Deus Sol, era o Deus Pai - fecundador da vida humana; desta civilização, possivelmente, ficou a expressão: Piauí a Terra do Sol!
........E sob este mesmo sol, que doura a pele e ilumina a vida, é que se fez história !
Desenvolvendo-se, um dos grandes episódios da narrativa do nosso país: a consolidação do Estado do Piauí – uma grande epopéia marcada por lutas e sangue.
Antigas terras das capitanias do Maranhão, Ceará, Itamaracá, Pernambuco, Bahia e Ilhéus; o Piauí tem sua história iniciada com a chegada de destemidos vaqueiros, oriundos da Casa da Torre da Bahia, que em expedições entraram pelo sul do estado, no século XVII, em busca de terras para o gado.
.........Era o alvorecer da “Civilização do Couro” !
Custe o que custar, a ocupação das terras não foi um ato pacífico, pelo contrário, devasso.
Sem dó nem piedade, escravizou, baniu, execrou a presença indígena da região.
Como um rio que corre do interior para o mar, assim foi a colonização.
O Capitão Domingos Afonso Mafrense, também conhecido como Domingos Sertão, fundou trinta fazendas de gado, tornando-se o mais eminente colonizador da região.
Da prosperidade de uma de suas fazendas nasceu o primeiro povoado, elevado à categoria de freguesia em 1696. Que sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória originou a primeira Vila - a Vila da Mocha; tão logo, a primeira cidade e por conseqüência a primeira Capital do Piauí – Oeiras, a Cidade dos Sertões de Dentro. Foi nela que se passaram os primeiros episódios da vida social e política dos piauienses.
Após a morte de Domingos Afonso Mafrense suas fazendas foram legadas, por vontade própria, aos padres da Companhia de Jesus; daí a forte influência católica da cidade, que se espalhou por todo o estado.
Em 1852 é fundada Teresina – “A Menina dos Olhos Verdes”, para ser a Capital do Estado do Piauí. Conta a tradição, que seu nome deriva de uma homenagem carinhosa à Tereza Cristina, Imperatriz do Brasil.
E assim se fez história................
.....E continua-se fazendo, através do povo que carrega nas mãos a arte de transformar o fio, de moldar a argila, lapidar a pedra, trançar a palha, esculpir a madeira e trabalhar o couro.
Revelando através do artesanato sua cultura.
Que também está no gosto gostoso da cajuína, no bom paladar do capote.
“ O meu boi morreu
O que será de mim
Manda buscar outro menino
Lá no Piauí ” !
No bumba-meu-boi, que é autentico do Piauí.
No folclore regional.
Em seu povo, o fortalecimento da riqueza cultural !
Um povo que atravessou a seca e que venceu a fome.
Numa trajetória de sofrimentos e incertezas, mas glorificada pela força do trabalho e a vontade de vencer.
..............Já dizia Euclides da Cunha, em sua obra maior, Os Sertões:
“O sertanejo é, acima de tudo, um forte”.
E com esse espírito, lá pelas bandas do Sertão de Dentro é que nasceu um menino. Filho do povo e autêntico representante da cultura piauiense.
Tinhoso e danado de bom, só pensava em ser igual ao ceguinho da budega – tocador de violão.
Era Frank Aguiar, menino que construía instrumentos musicais com lata, plástico e tudo que achava perdido na casa da Vó Maria. Ele sonorizava o desejo incontido de musicar a vida, e começou ali, a compor sua história, com notas de amor e escalas de dedicação.
Ganhou violão.
Inspirado por Luiz Gonzaga o Rei do Baião.
Quando tocava, encantava o coração !
Não demorou muito para desvendar os mistérios do teclado, ele já tinha jeito de músico, para a alegria da mãe dona Zulmira.“Vida de artista é difícil, seu pai velho Chico já dizia”.
Ninguém segura este moço, que desimbesta a fazer da estrada da vida um trajeto de vitória.
Retirante, saiu de sua terra natal Itainópolis, para alcançar os palcos da vida em São Paulo.
E não faltaram pedras na estrada.
Frank foi juntando tudo e com tantas pedras construiu uma fortaleza de conquistas.
Este cabra é decidido como ele só !
Caminhou e não se cansou.
Voou alto como um carcará e resistiu a tudo como um mandacaru.
Chegou longe, chegou até aqui !
Um arco íris de sucesso surgiu no céu musical do Brasil e Frank Aguiar, alcançou o estrelato.
Em seu ritmo musical ousou, criou, reinventou o forró e arrastou multidões.......
Agora chega de contar histórias, pois todo mundo quer aroxar.......
Toque o fole sanfoneiro .
O Rei do forró é Frank Aguiar !