O Título
A proposta carnavalesca está contida no próprio título quando lemos, Santos Dumont, seguido por reticências. Esta pontuação tem como objetivo marcar a grandeza da personalidade deste brasileiro conhecido por inventar o Avião, mas que é dono de uma biografia repleta de qualidades norteadas por ousadias nos mais diversos setores. Falaremos do Santos Dumont; desconhecido do homem passarinho, feliz por contribuir com a emancipação do homem. O brasileiro que deslumbrou a França pela idéias, pela elegância e sobretudo pelo domínio dos ares...
A segunda parte do título marca a proposta da linguagem do desfile: "Brasil e França navegando pelos ares..." Brasil e França, formam a proposta estética. Estaremos fazendo a intercessão cultural de dois países tendo como base o nome do homenageado.
Santos=Dumont
Alberto Santos Dumont, era brasileiro. O sobrenome Santos era de sua mãe, Dona Francisca, descendente de conceituada família da antiga comarca de Vila Rica. Dumont era de seu pai, o engenheiro Henrique Dumont, o primeiro Rei do café do Brasil, filho de um casal de imigrantes franceses.
Quando Alberto Santos Dumont tornou-se uma celebridade em Paris no início do século passado, os franceses começaram a dizer que ele era francês ao passo que o Brasil o exaltava como o maior dos brasileiros. Alberto avesso a disputas sobre sua origem e naturalidade passou a assinar o sobrenome utilizando o sinal de igual para definir que era tanto brasileiro quanto francês. Este gesto simples acabou por torná-lo o primeiro cidadão brasileiro a colocar a cultura brasileira em igualdade com a francesa.
Navegando pelos ares...
Esta parte do título indica os dois elementos da apresentação: a linguagem estética unindo as culturas, percorrendo o viés do Carnaval: o inusitado.
Navegando pelos Ares termina igualmente com reticências, para abrir as mais diversas possibilidades interpretativas.
Assim o Navegando pelos Ares encontra eco numa diversidade de intenções: navegaremos sobre os Ares da Loucura, sobre os ares da infância de Santos=Dumont e suas influências, navegaremos sobre os Ares de sua imaginação criadora da máquina de voar...
Navegaremos também sobre as sua personalidade exótica que fez moda em Paris. Finalmente chegaremos no Parque Peruche onde a Comunidade celebra o jubileu de ouro da Escola que nasceu justamente no Ano em que o primeiro vôo de Santos=Dumont completava 50 anos...
Introdução
O Enredo "Santos=Dumont... Brasil e França navegando pelos ares..." é uma proposta carnavalesca e por este motivo não pode ser classificada por um gênero apenas.
A conceituação de um Enredo Carnavalesco deve levar em conta a diversidade do Carnaval; mistura equilibrada de vários gêneros: fábula, épico, musical e realismo-fantástico.
Nosso Enredo engloba vários gêneros tendo como fio de ligação o imaginário; elemento fundamental para realização de um desfile que se propõe a celebrar o inventor do Avião.
Enredo
Reluz o Cruzeiro do Sul, a Velha Guarda manda avisar,
Neste Carnaval a Peruche vai te fascinar
É Carnaval
Uma festa para os olhos num deleite da imaginação.
Gira Baiana encantada,
Gira e faz mover as rodas do tempo
Traz para avenida num momento
O passado, o futuro e o presente
Pra provar que no Peruche
Ninguém manda na imaginação da gente
Sou Santos=Dumont, misturando o Brasil com a França neste desfile magistral.
Recrio Paris com sabores tropicais
Recordo os amores que o tempo não desfaz.
Volto a ser o menino-passarinho para comprovar as profecias de que eu tornaria rela a mais louca das fantasias.
O homem pode voar.
Vejo o encanto dos pássaros, dos insetos e dos balões.
Recordo na infância feliz os elementos que me fizeram criar o 14Bis,
Sou Brasil e França.
Tenho axé e elegância
Todos querem usar meu relógio e meu chapéu, mas se esqueceram,
Que foi a imaginação quem me fez conquistar o céu.
E se o homem se orgulha de ter conquistado o espaço,
Até os americanos tem que reconhecer:
"Fui eu quem dei o primeiro passo".
Hoje nos 50 anos da Peruche o desejo de voar continua, mas esqueço toda técnica e venho aprender o Samba de rua.
Eu quero ser feliz, fazendo o meu Samba de raiz!
E nos 50 anos da Peruche a grande inovação
É respeitar a tradição.
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